Todos nós deveríamos, porque o Camaro e o Mustang (e o Dodge Challenger) não são mais os museus ambulantes da tecnologia automotiva, peças velhas cobertas por carrocerias reluzentes vendidas a jovens com muita grana. Eles são tão avançados quanto qualquer outro modelo que a GM e a Ford fazem sem motores elétricos, e eles estão evoluindo rápido.
É importante notar que não foi apenas um acidente de percurso que o Camaro tenha vencido a corrida de vendas em 2010; ele foi batido pelo Mustang até 2009. Projetado na Austrália, construído no Canadá e estilizado em Detroit, o Camaro é o exemplo de como a GM precisa trabalhar com seus recursos globais. Seu visual é polarizador: a visibilidade é comparável ao de um caveirão do BOPE e o porta-malas parece um envelope, mas ainda é um dos carros mais divertidos pelo que custa.
Legiões de fãs do Mustang já estão dizendo que 2010 foi um engano; eles culpam a Ford por anunciar os modelos novos cedo demais, incluindo aí o retorno do 5.0 V8, e que o V6 de 2011 faria 12 km/l em trecho rodoviário. Até mesmo a Ford fez pouco caso da competição, apesar da enxurrada de press-releases no começo de 2010 falando sobre as poucas vitórias do Mustang. Mas em alguma sala na matriz da Ford há um quadro com um gigante “DERROTAR O CAMARO” escrito como uma das metas para 2011.
Não foram apenas o Camaro e o Mustang que ganharam novos compradores em 2010 (32% e 10% em relação a 2009, respectivamente). O Dodge Challenger, debilitado pelo maior chassi dos três, viu suas vendas crescerem 42%.
Há poucos anos, a Ford, a GM e a Chrysler se contentariam em contar o dinheiro e deixariam os carros mais vendidos de lado, arrumando apenas umas cores novas. Em vez disso, o Camaro ganhará uma versão conversível, uma nova edição Z28 e aparentemente um V6 aprimorado. A Ford já está falando sobre as mudanças no Mustang 2012, além do desfile inifinito de edições especiais. O Challenger também ganhará um novo V6 e novas versões de alto desempenho. Os modelos mais radicais do Camaro e do Mustang terão mais potência que seus topos-de-linha tinham há dez anos e ainda serão mais econômicos.
Há uma verdadeira guerra entre os muscle cars de Detroit, não entre as fabricantes, mas entre dois grupos de fãs que não precisam mudar de vida para ter um bom esportivo. No ano passado, mais de 190 mil pessoas se juntaram-se à causa de dirigir com prazer a bordo destes três modelos.
É assim que se ganha uma guerra.
[E nós do hemisfério sul perguntamos: dona Ford, os caras da GM venderam 500 Camaros no Brasil em 40 dias. Lucro. Dinheiro. Sonhos. Imagem. O que falta para vocês trazerem o Mustang oficialmente para cá, do jeito certo?]
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