Já se vão mais de dois anos desde que a Effa Motors deu início à “invasão chinesa” no Brasil. Desde então, várias empresas tentaram a sorte em solo tropical, mas nenhuma delas conseguiu conquistar a confiança do brasileiro.
O empresário Sergio Habib sabe do tamanho do desafio que vai encarar ao representar a JAC Motors, mas está disposto a mostrar que os chineses podem oferecer automóveis tão bons – ou até melhores – quanto os modelos nacionais.
Habib não poupou esforços para fazer a JAC (pronuncia-se “djéck”) roubar clientes dos pesos-pesados da indústria automobilística. O ousado plano estratégico tem foco no pós-venda, uma das maiores preocupações de quem torce o nariz para os chineses, e inclui a inauguração simultânea de 50 concessionárias no dia 18 de março – o chamado “Dia J” – e uma inédita garantia de seis anos para todos os veículos da marca.
O modelo de estreia da JAC Motors é o J3. Disponível nas versões hatch e sedã (esta chamada de J3 Turin), o modelo aposta no design atual e no sedutor pacote de equipamentos de fábrica. Ao contrário dos outros chineses, o preço não é inferior ao da concorrência, mas, por 37.900 reais, deve fazer muitos motoristas pensarem melhor na hora de trocarem de carro. O sedã tem um acréscimo de 2 mil reais no valor final.
No geral, o J3 é um carro interessante. Para adaptá-lo ao gosto do brasileiro, Habib investiu 380 milhões de reais e realizou diversas mudanças. O empresário diz que fez 242 alterações, incluindo potência e torque do propulsor 1.4, direção, suspensão – que ficou mais firme – e sistema de ar-condicionado. A qualidade da construção dos carros e até o isolamento acústico também sofreram interferências, após os veículos rodarem mais de 2 milhões de quilômetros de testes.
O design é um de seus pontos fortes. Assinado pelo estúdio italiano Pininfarina, as linhas do compacto são harmoniosas, embora se pareçam um pouco com outros carros que já são vendidos no mercado. Os faróis tem formato de folha e as lanternas invadem as laterais.
O interior tem um acabamento que segue o padrão de seus rivais, com uso abundante de plástico. O desenho do painel de instrumentos pode causar polêmica, mas o conta-giros e o velocímetro concêntricos é uma solução interessante. O banco traseiro oferece espaço de sobra para dois ocupantes e o porta-malas comporta bons 346 litros. No caso do J3 Turim, a capacidade volumétrica sobe para 490 litros.
A lista de itens de série é bastante generosa. Todo J3 vem equipado com ar-condicionado, direção hidráulica, trio elétrico, freios com sistema anti-travamento (ABS) com distribuição eletrônica de frenagem (EBD), sensor de estacionamento traseiro, rádio CD Player com MP3 e entrada USB, faróis de neblina, abertura automática da tampa do porta-malas e da tampa do tanque de combustível e rodas de liga leve. O único opcional é a pintura metálica, sendo que tapetes e bancos revestidos em couro serão vendidos como acessórios pela rede autorizada.
Sob o capô, quem dá as caras é o motor 1.4 de 16 válvulas, dotado da tecnologia de comando de válvulas variável (VVT). Por enquanto abastecido somente com gasolina (os motores flex devem chegar em 2012, segundo Habib), entrega números dignos de motores 1.6: a potência é de 108 cv e o torque máximo é de 14,1 mkgf. O J3 é equipado com câmbio manual de cinco velocidades e tem suspensão traseira independente.
O grupo SHC aposta alto no sucesso da família J3. A JAC confirmou que o primeiro lote de 14.500 veículos está prestes a chegar ao Brasil. A expectativa é vender 35 mil veículos até o fim deste ano. Por mês, o volume estimado é de três mil unidades, sendo duas mil do J3 e mil do Turin. Se você prefere carros maiores, será preciso aguardar um pouco mais até a chegada do sedã médio J5 e da minivan J6. Ainda é cedo para dizer se a nova empreitada de Habib será bem sucedida, mas otimismo é o que não falta para fazer da JAC a primeira marca chinesa a vingar no Brasil.
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