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terça-feira, 22 de março de 2011

Alguns carros que morreram em 2010

Todos os anos, os fabricantes descontinuam modelos sem muito alarde, mais preocupados com o lançamento do novo modelo que em lembrar a memória de um nome que se vai. Ninguém se lembra do dia em que o Suzuki Vitara deixou de existir para tempos depois reencarnar como o Tracker, e não fizeram placas comemorativas para lembrar a última Montana com uma plataforma mais moderna que seu sucessor homônimo.

Muitos dos modelos que perdemos esse ano, no entanto, tiveram um impacto duradouro nos cenário automotivo. Seja por terem preenchido um nicho, serem sucesso de vendas ou a simples incapacidade de lançar um novo produto, os carros que não mais serão vistos nos pátios dos concessionários e locadoras em 2011 nos deixam uma renovada sensação de esperança para a indústria automotiva – e um material para recontar piadas recorrentes.

Fiat Stilo (2002-2010)

Aposentou-se para dar lugar ao Bravo, e parte deixando um público fiel que apreciava seu visual monolítico e a generosa oferta de equipamentos. Além do cobiçado esportivo Abarth com motor 2.4 e 167 cavalos, deixam saudades as versões especiais Schumacher (com rodas de belo desenho, mas motorzinho discreto) e Blackmotion, série final repleta de acessórios.

Sua ficha estaria ainda mais limpa não fosse a série de acidentes causados por problemas no cubo da roda. Menos mal – pelo menos para a marca – que a notícia estourou apenas no final de sua vida no mercado.

Renault Scénic (1999-2010)

A primeira minivan de grande sucesso no Brasil foi responsável pela consolidação de um setor que logo teria Zafira, Picasso, Idea e companhia. Infelizmente para nós, o que continuou em fabricação até o último mês de julho no Paraná foi apenas a primeira geração do veículo baseado no Mégane, totalmente defasada. Lá fora, a Scénic II apareceu em 2003, e a terceira geração é do ano passado.

Apesar dos ótimos serviços prestados, já vai tarde. O grupo Renault-Nissan atualmente aposta na Livina e Grand Livina, mas sem o mesmo sucesso, em um segmento que por si só já não parece atrair tantos compradores quanto há dez anos atrás.

Chamonix (1987-2010)

Uma das melhores fabricantes de réplicas de Porsche clássicos no mundo, a Chamonix anunciou em 2010 a paralisação de sua linha de montagem. A demanda pelos 356, Speedster e Spyder 550 feitos com esmero e refrigerados a ar – e colecionados por gente como Gordon Murray – estaria muito baixa devido à valorização do Real (que dificulta as exportações), ao descaso do mercado consumidor interno (que nunca deu muita bola para réplicas).

Junte a isso a inevitável carga tributária local, e temos o fim de um orgulho automotivo. A paralisação, todavia, pode ser apenas temporária. Tomara.

Ford Explorer com carroceria sobre chassi (1991-2010)

O veículo que criou uma categoria e começou uma febre, o Ford Explorer sobreviveu aos escândalos dos pneus Firestone, a demanda por veículos ainda maiores e milhões de crianças carregadas para o futebol. Foi vendido como Mazda Navajo, Mercury Mountaineer, redecorado de todas as formas imagináveis e até desconstruído de volta para a picape da qual foi criado.

Apesar de o nome Explorer voltar em um modelo 2011, os traseiros de motoristas e passageiros logo vão descobrir que o carro não é mais produzido com a carroceria sobre chassi. Os off-roaders mais sérios vão torcer o nariz para o SUV de construção monocoque, mas não estranharíamos descobrir que eles não são o mercado alvo do modelo.

PT Cruiser (2000 a 2010)

Assim como calças brancas, camisetas Armani com letras garrafais e Kenny G, o PT Cruiser simplesmente não desaparece. Até este ano.

Afrescalhado com molduras de placas cromadas imitando correntes, “painéis de madeira” de vinil e mais chamas que a pior imagem do inferno imaginável, é fácil perceber porque o modelo recebeu o apelido de “loser cruiser” nos Estados Unidos. A Chrysler propositalmente desenhou o PT Cruiser para que fosse classificado como um utilitário e ajudar a empresa a atingir as metas dos níveis de consumo de combustível para utilitários nos EUA. Infelizmente, bebia como uma picape média.

Os aposentados que lamentam a perda do carrinho retrô podem mirar as pensões para outra criação do projetista do PT Cruiser, Bryan Nesbitt, o Chevrolet HHR.

Honda Element (2002-2010)

Enquanto a maioria dos veículos em fim de linha são guinchados discretamente para o ferro velho celestial, a Honda tomou o inusitado caminho de anunciar o fim do Element à imprensa.

Com o Element, a Honda cometeu o clássico erro da indústria automotiva. Miraram a publicidade do modelo para o público na casa dos vinte anos, esquecendo que poucos jovens podem bancar um carro novo que não seja popular. Ainda que o interior fosse ideal para viagens e as portas facilitassem na mudança da república de volta para casa, a maioria do público alvo do Element ia à concessionária da Honda para negociar o pagamento de um Fit com anos de uso.

Chevrolet Cobalt (2004-2010)

Quando substituiu o igualmente insosso Cavalier, o Cobalt foi proclamado como o “novo matador de sedãs japoneses” (título que no Brasil serviu por algumas semanas para Vectra, Megane e até Linea). O Cobalt era bom – especialmente na versão que trazia o aerofólio cafona da foto, a SS – mas nada sensacional. Como a maioria dos antecessores com a gravatinha dourada, o Cobalt ficou à sombra do Corolla e Civic e acabou relegado aos pátios das locadoras – ou seja, na próxima viagem à gringolândia, você pode alugar um desses bem baratinho.

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