sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
Recorde Falso? Carros são licenciados em nome de “laranjas” para bombar vendas
Imagine a cena: você entra numa concessionária, escolhe um carro e o vendedor te oferece o mesmo modelo só que já emplacado. A princípio você acha tudo estranho, mas quando observa o hodômetro vê que ele continua “zerado”.
Pois é, pressionadas pelas montadoras para liquidar seus estoques as revendedoras têm abusado dessa prática – principalmente nos finais de ano – para vender mais e, assim, falsamente causar a impressão que a participação daquelas cresceu.
A ação não é nova. Prova disso foi o que ocorreu em 2004. Para comemorar os 80 anos da GM no Brasil, Ray Young, presidente da filial brasileira à época, abusou da prática; uma vez que tinha como meta tornar a fabricante líder em nosso mercado. E foi o que aconteceu.
A reviravolta do caso aconteceu logo em seguida. Relatado pela imprensa, o fato foi desmentido pela filial brasileira e censurado pela General Motors Corporation. Mas o estrago já estava feito. A confirmação veio em janeiro de 2005, quando a montadora passou para o quarto lugar no ranking, ficando atrás da Ford, já que as unidades vendidas em janeiro haviam sido licenciadas antecipadamente e, por isso, foram contabilizadas como de dezembro.
Mesmo condenada pela Fenabrave, a prática voltou a acontecer em 2010, segundo informou o presidente da federação, Sérgio Reze. “A diferença, afirmou ele, é que desta vez quase todas as montadoras usaram a mesma estratégia, fizeram licenciamentos em nome de terceiros, de modo que nenhuma acabou se beneficiando. As vendas explodiram, mas nenhuma marca se destacou“.
Conforme as estimativas da Fenabrave se encontram emplacados nas concessionárias 35 mil automóveis antecipadamente licenciados. Portanto, não existiria outra explicação para o avassalador crescimento apresentado pelo mercado em dezembro, quando o Brasil bateu um recorde histórico.
E, embora estes veículos venham a ser negociados como “usados” na verdade não deixarão de atrair compradores uma vez que se encontram lacrados e com, ao menos, a primeira parcela do IPVA quitada.
O resultado de tal atividade poderá ser visto logo agora em janeiro, quando as vendas se mostrarem fracas, revelou Sérgio Reze, que prometeu eliminar a prática do mercado automobilístico nacional.
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